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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Preocupado com a mãe, R10 deixa Fla no passado: 'Só vim agradecer'



Poucas horas depois de obter uma liminar na Justiça do Trabalho rompendo unilateralmente o seu contrato com o Flamengo, Ronaldinho Gaúcho concedeu uma entrevista na qual preferiu deixar os problemas de lado, se concentrando em agradecer ao carinho dos torcedores do clube. Apesar da situação profissional e também pessoal, já que sua mãe se recupera de uma cirurgia, ele não deu sinais de abatimento. Se permitia alguns sorrisos enquanto mexia no computador, mas também não dava muita margem a brincadeiras, como a da advogada Gislaine Nunes, que conduz os procedimentos de rescisão. Ela chegou a pegar um dos muitos pandeiros empilhados na estante do jogador e ensaiou uma batucada, mas ao perceber que o atleta não se animou, logo desistiu.
O ex-camisa 10 do Flamengo foi questionado sobre os diversos problemas que enfrentou neste ano, mas optou por um discurso evasivo, sem se estender em assustos como a relação entre o seu rendimento e o atraso de salários e o motivo de sua decisão de interromper o vínculo com o clube, que por vias normais só estaria encerrado em dezembro de 2014. Também se mostrou contido ao comentar o vídeo gravado por torcedores no Piauí, no qual o vice de futebol do Flamengo, Paulo César Coutinho, fez declarações ofensivas ao jogador e afirmou que ele estava afastado, sendo desmentido pouco depois pelo diretor de futebol, Zinho, que colocou panos quentes e disse que só tomaria alguma decisão depois de conversar com a presidente Patrícia Amorim e com o atleta. Sobre a gravação, Ronaldinho se limitou a dizer:
- Teve muita gente comentando, me ligando, perguntando se eu estava afastado, se não estava... Queriam saber quem estava falando a verdade, quem não estava... Depois eles mesmos acabaram se desmentindo. Deixa ele (Coutinho) falar, não sou eu que tenho de falar isso. Só vim aqui para agradecer o carinho.
Gratidão foi termo repetido insistentemente durante a entrevista, na qual negou ter qualquer tipo de problema de relacionamento com o técnico Joel Santana e os demais companheiros no elenco rubro-negro.
- Nenhum! Respeito enorme pelo Joel. O 'Papai' sempre me tratou muito bem, respeito muito grande, com todos os companheiros uma amizade muito legal, nunca tive problema nenhum com nenhum companheiro.
O craque afirmou que pretende voltar para Porto Alegre e ficar ao lado da mãe, para então pensar com tranquilidade no futuro e assegurou que não tem planos de encerrar a carreira, pretendendo atuar por "mais alguns anos".
- Ainda está longe (o fim da carreira), me imagino jogando mais alguns anos, agora é planejar o futuro com calma, tranquilidade. O pensamento agora é ir a Porto Alegre, ficar com a minha mãe e pouco a pouco ir resolvendo. Ela está bem, se recuperando, não é nada fácil, mas a mulher é muito forte e está dando sinais de que vai se recuperar rápido. Falar de mãe é complicado, ela já está preocupada, se começar a falar fica mais ainda.
A parte dos problemas coube à advogada. Gislaine Nunes não se furtou a afirmar que o vídeo de Coutinho, divulgado na manhã desta quinta-feira, foi decisivo para que o staff do jogador decidisse entrar com a ação. Contudo, ressaltou que já fora contactada na quarta pela manhã.
- Fui contactada ontem durante a manhã, à noite terminamos o processo, mas foi basicamente pelo atraso de salário, pela situação que já vinha se arrastando. A situação já estava insustentável. Promessas feitas e não cumpridas, aquele negócio de vamos honrar os salários, vamos pagar, e isso não acontecia. Então não restou outra alternativa para o atleta e sua assessoria além de entrar na Justiça do Trabalho. São cinco meses de atraso do direito de imagem, que é salário, cinco meses de FGTS, 12 meses de INSS, parte do 13º salário, temos aí várias verbas que seriam direitos do atleta que foram contratadas e não foram honradas pelo clube.
A advogada também citou a ausência de uma resposta formal do Flamengo às notificações feitas no início de abril. Essas notificações, de acordo com o contrato com o jogador, eram essenciais para que, 10 dias depois, sem pagamento, o atleta pudesse impetrar a ação para rescisão unilateral.

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