Paula Giolito / Paula Giolito / Agência O Globo
A polêmica do uso de celular em sala de aula chegou nos tribunais
depois que um aluno processou o seu professor por ter tomado o aparelho
no meio de uma aula. O episódio aconteceu em Recife e teve a decisão do
juiz Elieser Siqueira de Souza Junior a favor do docente. O magistrado
aproveitou a sentença para criticar as novelas, reality-shows e a
ostentação, considerados pelo magistrado como contra educação.
"Julgar procedente
esta demanda é desferir uma bofetada na reserva moral e educacional
deste país, privilegiando a alienação e a contra educação, as novelas,
os ‘realitys shows’, a ostentação, o ‘bullying‘ intelectivo, o ócio
improdutivo, enfim, toda a massa intelectivamente improdutiva que vem
assolando os lares do país, fazendo às vezes de educadores, ensinando
falsos valores e implodindo a educação brasileira", afirmou o juiz.
A ação foi movida
pelo aluno Thiago Anderson Souza, representado por sua mãe Silenilma
Eunide Reis, que, segundo consta nos autos do processo, passou por “sentimento de impotência, revolta, além de um enorme desgaste físico e emocional”
após ter o celular retirado pelo professor Odilon Oliveira Neto. O
estudante disse que apenas utilizava o aparelho para ver o horário.
Porém, perante outras provas, o juiz não acreditou na versão de Thiago.
“Vemos que os
elementos colhidos apontam para o fato de que o Autor não foi 'ver a
hora'. O mesmo admitiu que o celular se encontrava com os fones de
ouvido plugados e que, no momento em que o professor tomou o referido
aparelho, desconectou os fones e... começou a tocar música”.
Em depoimento, o
professor e a coordenadora do colégio afirmaram que não foi a primeira
vez que o aluno foi chamado a atenção para o uso do aparelho em sala de
aula. O juiz apontou que, para além da proibição do colégio, existem
normas do Conselho Municipal de Educação que proíbem o uso do celular em
sala de aula, exceto para atividades pedagógicas.
“Pode-se até entender
que o Discente desconheça a legislação municipal sobre os direitos e
deveres dos alunos em sala de aula. O que não se pode admitir é que um
aluno desobedeça, reiteradamente, a um comando ordinário de um
professor, como no presente caso”, observa.
O juiz ainda
aproveitou a execução para fazer uma análise sobre a educação do Brasil
apontando que a mesma tornou-se uma espécie de “carma” para quem trabalha.
“No país que virou
as costas para a Educação e que faz apologia ao hedonismo
inconsequente, através de tantos expedientes alienantes, reverencio o
verdadeiro herói nacional, que enfrenta todas as intempéries para
exercer seu ‘múnus’ com altivez de caráter e senso sacerdotal: o
Professor”, sentenciou.
Fonte: O Globo via Uzl Fatos e Fotos/via Comunicador Efetivo
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